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Para as mulheres que manifestam a beleza e as dificuldades deste mundo...desta vida.

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Dedico este blog à minha mãe que me inspira a pureza do amor e da fé....Luz Helena.



sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Um destino Inesquecivel

  
 
  Alice sempre foi uma artista habilidosa com as mãos, costurava roupas lindas quando jovem,
desenha com muita facilidade, mas se dedicou inteiramente a cuidar de 4 filhos,
sogra e marido mandões.


Desenho de capa por Alice

  Hoje com tempo só para si, com 78 anos e muito vigor,  faz poesias, textos, participa de teatro amador e  profissional, faz artesanato e ginástica, isso tudo com artrose!!
  Nessas atividades exercita sua mente, alma e físico, encontra amigos e seus dons...

Um destino inesquecível

De todas as viagens feitas por mim, minha ida a Portugal foi a que mais me marcou.
Para fazer um perfeito relato dessa maravilhosa experiencia, dos instantes, do impacto que me causou tanta felicidade, e questão de divulgar seus feitos poéticos, só mesmo com fotos registradas para expor o momento que aconteceu.
Sempre fui influenciada por uma tia de Portugal, irmã de minha mãe, com suas cartas enviadas para mim. Era a tia poeta, sem filhos, apegada aos sobrinhos brasileiros. Ela nunca deixou de escrever, mesmo após o falecimento de minha mãe, em 1953.
Em suas cartas fazia questão de divulgar seus feitos poéticos e como ganhava prêmios na cidade de Marinha Grande.  Ao mesmo tempo, convites eram oferecidos para conhecer “A terra onde o mar acaba” dizia em textos poéticos, com fotos de um farol iluminando as ondas do mar.
Um dia, ao acabar de ler uma delas, fui jogar agua no meu jardim florido, repleto de azaleias abertas.  Toda vez que lia essas cartas poéticas aguçava a minha vontade de conhecer a santa terrinha.
As ideias sonhadoras brotavam como as  minhas azaleias coloridas, espelho de minha casa.  Tudo naquele jardim  era tão belo!! As pessoas admiravam ao passar em frente.
A natureza realmente inspira confiança. Ao jogar água para estas abençoadas azaléias, virei meu rosto para olhar minha vizinha lavando a calçada, cantarolando, entusiasmada com a compra de uma passagem para viajar à Europa.
Tive um sobressalto: por que eu não?



Resolvi viajar também junto a esse grupo, formado por seis senhoras, e mais outras pessoas de diferentes estados do Brasil. Ficamos todos amigos durante a viagem por vários países: Portugal, Espanha, França, e Itália. E neste entusiasmo, ao ver tantas maravilhas, resolvemos voltar e ficar em Portugal por mais dois dias.
Foi a oportunidade de conhecer Marinha Grande, onde vivia minha família Baroza – vidreiros conhecidos, pessoas antigas da região que trouxeram de Genebra esta arte milenar para Portugal.
Logo na entrada da cidade existe uma escultura com uma pessoa tendo na boca um aparelho de sopro para formar o vidro. Lá existe o museu de artes do vidro “Santos Baroza”.
Um dos melhores momentos dessa viagem foi o encontro com minha tia poeta. Quando a encontrei, estava doente, numa cadeira de rodas em frente a uma lareira acesa, com as pernas cobertas por um cobertor. Mesmo assim, doente, me recebeu com muito carinho e entusiasmo. Meu tio, muito dinâmico, a carregava no colo e de carro nos levou para passear e conhecer o lugar onde no passado viveram meus pais.
Hoje tudo muito novo, cidade de belas praias, muito limpas, onde algumas mulheres naturalmente usam “top less”. Eu que sempre achei o povo puritano!
Para conhecer a outra tia-irmã de minha, mãe fomos a um pomar repleto de frutas.
Ao entrar, vi uma perfeita cena de quadro, uma passarela de parreira com uvas rosadas, refrescando o ambiente. Foi uma tentação querer pegá-las! Umedeceu a boca, mas reprimi o desejo.
Vi também uma macieira carregada e maçãs perdidas pelo chão. Embaixo dela, o que me chamou a atenção foi ver um casal de idosos, ela, a tia, com uma bacia no colo descascando maçãs e, com muita delicadeza, levando pedaços à boca do companheiro sentado ao seu lado.
Quando minha tia virou-se para me abraçar, foi um verdadeiro impacto!  Ali presente estava minha mãe falecida; foi um disparo em meu coração, não houve como segurar as lágrimas.
Essa viagem realmente marcou, a saudade estourou em todos os meus neurônios com esta tia idêntica a minha mãe, um verdadeiro clone.
Seu filho, ali presente, bem afeiçoado, industrial, também muito parecido com meu filho; as primas encantadas com minha aparência idêntica às delas, rimos muito com tudo isso. Uma delas, rindo, disse: são os nossos cromossomos, prima, que atravessam o Atlântico!
Esses momentos são inesquecíveis e estão guardados na memória!
Alice Baroza Brochetto



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